(DES)APEGANDO

O maior exemplo de desapego vem das abelhas. Após construírem a colméia, abandonam-na. E não a deixam morta, em ruínas, mas viva e repleta de alimento. Todo mel que fabricaram além do que necessitavam é deixado sem preocupação com o destino que terá. Batem asas para a próxima morada sem olhar para trás. Na vida das abelhas temos uma grande lição.
Em geral o homem constrói para si pensando no valor da propriedade, com a ambição de conseguir mais e mais bens, mas sofre na possibilidade de perder o que "lutou" para adquirir.
Onde estiver nosso coração, ali estarão nossos tesouros..."Mat.6.:21
Assim, não pode haver paz uma vez que pensamentos e sentimentos nos prendam aquilo que julgamos ser de nossa propriedade e isso não nos permite alçar vôo. tal impedimento ocorre quando um simples pensamento como este: "Para quem vai ficar a minha casa?" Apego.

As abelhas fabricam o próprio alimento sem nada destruir e, ainda, doam a maior parte dele. A lição das abelhas vem do seu espírito de doação. Num ato incomum de desapego, abandonam tudo o que levaram a vida para construir. Simplesmente o soltam, sem preocupação se vai para um ou para outro. Deixam o melhor que têm, seja pra quem for - o que é muito diferente de doar o que não tem valor ou de dirigir a doação para alguém da nossa preferência.
Se queremos ser livres, se queremos parar de sofrer pelo que temos e pelo que não temos, devemos abrigar em nós o desejo de nos transformar. O sofrimento vem quando nos fixamos a algo ou a alguém. O apego embaça o que deveria estar claro: por trás de uma pretensa perda, está o ensinamento de que algo melhor precisa chegar.

E se não abrimos mão do velho, como pode haver espaço para o novo?